sábado, 22 de março de 2008

FESTIVAL DA CORES

Existem muitos festivais na Índia, diferentes para cada região. Ontem, dia 21 de março, foi comemorado no norte do país o Holi Festival, o festival das cores. Todo mundo sai na ruas jogando tinturas naturais, comemorando a conquista do bem contra o mal.O Holi tem vários significados e histórias mitológicas que o envolvem. Acontece todos os anos na lua cheia do início da primavera, que cai entre março e abril.

Uma das lendas do Holi envolve a história de Pootana, a perversa enviada pelo demônio Kansa para destruir o pequeno Krishna. Ela se transforma numa bela mulher e encontra o bebê Krishna em seu berço. A beleza da criança confunde Pootana. Encantada, esquece por alguns momentos sua função ali. Porém, após retomar suas forças malignas, amamenta Krishna com seu leite envenenado. O bebê, com sua energia divina, suga toda a energia vital da perversa Pootana, que cai no chão sem forças...

Dizem também, que as cores do Holi aplicadas no corpo, são absorvidas pelos poros e fazem muito bem para revitalizar o organismo. No aspecto social, possibilita a igualdade e fraternidade. É um belo festival que deixa a Índia ainda mais colorida!!!!
OBS: Essas fotos foram retiradas da Internet!

sábado, 15 de março de 2008

A Comida dos deuses....

Para mim, a comida indiana pode ser chamada de comida dos deuses. Desde que a experimentei pela primeira vez tive certeza que essa era a comida que eu queria comer pelo resto da minha vida!
Assim, não me restou alternativa a não ser aprender a cozinhar, já que no Brasil seria impossível encontrar uma cozinheira “indiana”.
A minha experiência com a alquimia indiana na cozinha já dura dez anos.



Dez anos de provações, aprovações e compreensão sobre as combinações de
especiarias, carro chefe da comida indiana.

Graças à comida indiana adquiri a fama de uma “boa cozinheira” e assim surgiram os almoços mensais que tenho o prazer de oferecer em minha casa.

Tem sido uma experiência fascinante observar a aceitação dos brasileiros ao paladar indiano, totalmente exótico para nós. Para cada almoço, são três dias de entrega à cozinha numa meditação e devoção de corpo e alma.

E como prometido no último almoço, aí vai a receita do prato mais votado: Kadala Curry ( Grão de Bico com coco fresco), receita típica de Kerala, estado do Jyoti, no qual a culinária é à base de coco e até o nome do estado quer dizer “terra do coco”!!! Essa aprendi com minha querida cunhada Gemma, numa fresca manhã de incursão por sua cozinha no preparo do café da manhã. É isso mesmo, esse prato serve de acompanhamento para o cuscuz de farinha de arroz com coco (puttu), um dos deliciosos e saudáveis desjejuns de Kerala.



KADALA CURRY
500g de grão de bico (deve ser colocado de molho na água na noite anterior)
1 coco seco
3 pedaços de gengibre fresco
3 canelas em pau
5 cravos da índia
1 ½ de semente de coentro
1 maço de coentro fresco
3 pimentas verdes frescas
6 grãos de pimenta-do-reino
1 galhinho de folhas de curry ( opcional) OBS: é um tempero indiano,chamado de curry pattá ou curry veiplá ( nomenclatura de Kerala)
1 colher de açafrão em pó

Modo de preparo:
- Cozinhar o grão de bico com dois pedaços de gengibre, açafrão e sal;
- com meio coco seco ralado, fazer o leite de coco batendo no liquidificador com 2 copos de água e depois coar;
- ao ralar o coco seco, deixar uns pedacinhos de coco, quadradinhos para colocar no curry (molho).
- Tostar com um pouco de óleo a canela, cravo, coentro, pimenta-do-reino, pimenta verde, ½ coco ralado, pedacinhos de coco, as folhas de curry, e um pedaço de gengibre, até dourar. Cuidado para não queimar as especiarias. O ponto de retirar do fogo é quando estiver exalando um aroma intenso;
- Triturar a mistura com o leite de coco e o coentro fresco; triturar bastante com atenção para os temperos em pau e semente, que devem estar completamente triturados;
- Misturar tudo no grão-de-bico ainda quente e ferver por cinco minutos.



quinta-feira, 6 de março de 2008

Om Nama Shivaia!!!

Na foto acima, Má, Guru Vinaya Chaitanya e Jyoti em Kerala,
fevereiro de 2008. Guru Vinaya Chaitanya e sua esposa Má,
mantém a tradição dos Gurukulas, centro espiritual onde vivem
o Guru e sua família. Seu Ashram fica próximo a Bangalore.
Preservam e espalham muito conhecimento, simplicidade
e amor!!! Guru Vinaya, um grande poeta e escritor, me presenteou
no Shivaratri com a palavras abaixo sobre Shiva e Shakti!!!!!

Shiva & Shakti



"Quando falamos de Shiva e Shakti, Shiva representa o aspecto masculino e Shakti o feminino. O homem abstrato e generalizado é chamado de Shiva e a mulher, abstrata e generalizada, pode ser chamada de Shakti.

Cada um de nós temos esses dois aspectos. Esse aspecto é representado em Ardha Narishvara, o deus/deusa metade homem, metade mulher. Eles representam a polaridade, e podem cancela-la transformando-se em único, experiência unificada na qual eles estão acima de cada um."

domingo, 2 de março de 2008

Meu Primeiro Shivaratri



Todos os templos Shivaístas da Índia comemoram o Shivaratri. Meu primeiro Shivaratri, passei em OmKareshwar, no estado de Madhya Pradesh, Índia central.

É um dos importantes destinos dos peregrinos no Shivaratri. A cidade fica à beira do Rio Narmada, um rio muito sagrado, que corta a Índia ao meio. Em Omkareshwar, o Narmada forma uma ilha, chamada de OM por apresentar o formato deste símbolo sagrado. Os peregrinos rodeiam a ilha em peregrinação, parando de templo em templo.

Eu e Jyoti ( para quem ainda não sabe, meu marido, indiano) ficamos numa das caves ou cavernas que entrecortavam a grande montanha de pedra que formava essa ilha. Nossa caverna tinha porta, janela e um enorme altar de Shiva, com várias deidades.


Quem nos cedeu a chave foi um Baba, um asceta que tomava conta da mesma. A caverna pertencia a um pujari – espécie de sacerdote do hinduísmo – que a usava para seus rituais sagrados e meditações, e não a emprestava para qualquer pessoa. A sensação que tive quando nela entrei pela primeira vez, foi ouvir os mantras que ressoavam de suas paredes de pedras numa energia meditativa que me impregnava por inteira.

Queríamos vivenciar a espiritualidade e devoção à Shiva durante o Shivaratri. Lá ficamos durante 15 dias. Eram muitos e muitos os devotos que chegavam de todos os lugares. Pude observar a beira do Rio ser invadida por tendas a cada dia, até ficar completamente colorida, cheia de devotos e fumaças de fogos sagrados e incensos.

Nossa caverna também virou ponto de parada dos devotos que peregrinavam pela ilha. Com muito respeito, todos no saudavam e queriam nossas bênçãos. Eu não entendia muito o que estava acontecendo, porém, me mantinha em silêncio observando e sentindo tudo.

A emoção era tamanha que, dentro de minha barriga, senti pela primeira vez os pulinhos de nosso primeiro filho, que estava ali guardado há seis meses. E adivinha qual é o nome que demos a ele quando nasceu??? Shiva, só poderia ser!!!....hoje já com 8 anos e muita vontade de transformar tudo o que vê pela frente!!!


Adoração pela Serpente
Vi pela primeira vez a adoração por uma serpente. Estávamos sentados em frente à nossa caverna, que tinha um visual magnífico, observando os barcos que iam e vinham na travessia do rio, quando chegou um grupo de devotos cantando Om Nama Shivaia. Ao se juntarem a nós, passou por ali uma enorme serpente, que fazia seu guizado e levantava o corpo. Ela estava ali, surgiu como uma mágica, ao meio de todos.

Imediatamente todos ascendiam incensos para a cobra e saudavam Shiva com Om Nama Shivaia. Na Índia, cobra é símbolo de Shiva, traz auspiciosidade. Para o indiano, quando uma cobra atravessa em sua frente é sinal de grande transformação à caminho, com as bênçãos do Senhor Shiva. A cobra foi embora tranquilamente e satisfeita. A emoção foi tão intensa para todos, que muitos choravam, se abraçavam e o pequeno ser em minha barriga saltava como bolinha de ping-pong.